sábado, 19 de maio de 2012

TRÊS MÃES


Elas são belas belas belas de séculos e séculos
Azinheiras onde repousam as virgens
E dança com as nuvens a lua
Da meia noite
Elas são as minhas artérias
Por onde corre o seu sangue
Sagrado
Elas são três mares
Da tranquilidade
Elas são a sabedoria e a força delicadas.
 
A primeira levanta-se antes do sol
Para nele acender o fogo divino
Depois sai a fertilizar a terra
Com seus lenços vermelhos
Com seus lenços brancos
E será a primeira a dizer-me adeus.
Ela está sentada no trono mais alto
E nela se concentram todas as estações
Dela dimanam os três caminhos
Nela todos são um só.

A segunda move-se com o vento
E é nele que tem as suas raízes.
O seu trono gira incessantemente
Em torno de dois sóis
Ao seu lado direito vela um leão
Ao seu lado esquerdo arde uma gazela.
Nas suas mãos todas as árvores todos os rios
São grandes
E os filhos são crianças
Porque o seu amor lhes dá a todo o instante
Vida nova.

A terceira tem um trono longe
Mas do seu ventre recebi a ressurreição
Nos seus braços se consuma a minha liberdade.
Eu sou ela porque
O seu sorriso infinito torna
A sua beleza sideral
Porque ela me dá
O que só a música sabe dizer
Porque ela é a afeição e o futuro
Onde eu e a minha pobre sombra
Aprenderemos a morrer.
Henrique Dória  

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